Relacionamentos abusivos não afetivos

Tenho certeza que você já ouviu falar de relacionamento abusivo e que bom que esse assunto está sendo cada vez mais discutido e alertado entre nós. Só que não é desse relacionamento que vim falar. Vim abrir meu bloco de notas para falar sobre relacionamentos abusivos não afetivos. Mas, eita, tem isso também?

Uma amizade, um trabalho, um colega de trabalho, um chefe, um familiar… você já viveu algum?

Se você me perguntar, posso crer que não sofri abusos emocionais ou morais afetivamente falando, mas minha experiência é totalmente com alguns desses exemplos que citei.

Uma amiga que sempre se dizia a melhor, mas nunca estava presente pra nada. Não esteve na minha formatura, não correu pra minha casa no pior momento de todos, não perguntou se estava tudo bem quando não estava. Usou um momento de dor contra mim e jogou a culpa como se não houvesse diálogo. O fim era pra ser? Não sei, mas foi e hoje sinto uma espécie de alívio por ter sido.

Um chefe que escondia tequila no escritório, ficava bêbado quando tínhamos que ficar até tarde trabalhando e aproveitava para fazer insinuações verbais nojentas.

Chefes e donos de empresa que gostam de acabar com você. Que acham que te colocar para baixo é uma linda forma de fazer pressão pra você melhorar, mas eles não melhoram nunca a parte deles.

Chefes infantis que fazem pirraça em meio a uma reunião e colegas de trabalham que pensam ser seus chefes. Colegas de trabalho que te sabotam por insegurança ou medo de você ser melhor.

Trabalhos desumanos. Não pode comer porque alguém não gosta do cheiro de comida. Não pode fazer home office porque não se tem empatia de simplesmente perguntar quem gostaria de trabalhar de casa para aumentar a qualidade de vida e quem não gosta e prefere presencial. Não tem cozinha pra poder lavar a louça e você tem que lavar no banheiro sendo totalmente anti-higiênico. Não tem tolete pra quantidade de mulher que tem no escritório. Departamentos de RH que de humanos não tem nada.

E a historia de ser contratado com contrato de PJ, mas te tratarem como CLT? Ser cobrada por horário, ter que pedir permissão pra ir no médico ou numa simples consulta no dentista. Ter que fazer 8 horas de trabalho 5 dias na semana (na teoria, porque na prática dá ainda mais que isso sem ganhar hora extra).

Deixar pra fazer tudo associado a sua saúde aos finais de semana, porque tem medo de ter uma reunião, ou receber uma ligação do seu chefe, ou ter que correr pra apagar um fogo no horário marcado durante a semana.

Deixar de fazer exercício físico porque levar 2 horas pra ir e 2 horas pra voltar do trabalho é cansativo e uma grande perda de tempo exaustiva. Dai não dá tempo nem disposição de mais nada né?

Você se viu em algum dessa situações?

Não tem problema se ver nelas e não tem problema demorar pra sair delas. Vira e mexe me vejo nelas e demoro para conseguir sair.

A verdade que não depende só da gente sair. Na verdade. depende, mas não é só questão de ter vontade de sair delas. Mentiu quem disse que era só isso. Depende de tudo.

Depende se temos outros amigos pra nos apoiar. Depende se você ama todas as trocas daquela amizade, as viagens, as fotos, o momentos de uma vida e as coisas que só pra ela você consegue contar. Depende se você não ama a família daquela pessoa.

Depende se temos dinheiro para nos sustentar ao pedir demissão. Depende se é o emprego dos seus sonhos e só não é a empresa dos sonhos. Depende se você sente que pode fazer muito mais por aquele lugar. Depende se aquele ou aquela colega do trabalho naja não é alguém importante na empresa e não dá pra jogar tudo no ventilador.

Depende sim da nossa coragem, sabedoria e paciência. Mas também depende de muito mais.

Todas as vezes que eu saí de uma situação assim foi libertador. Porque sair de relacionamentos abusivos é libertador. Sempre dói, sempre dá saudade de algo ali, mas a liberdade é um bem muito maior e que vale mais que tudo.

E a verdade é que quando é realmente pra ser, não é tão exaustivo mentalmente assim.