Mimada, mas financeiramente independente

A história de como aos 26 anos sou financeiramente independente. Um pouco tem a ver o fato de ser filha de planejador financeiro, é claro...

Já recebi muito o estereotipo de “filhinha de papai”, “cria de apartamento”, “do tipo que recebia mesada quando criança” ou “mimada”. Não, eu não vim aqui reclamar, porque, sempre que me falam algo assim, eu penso: “que bom que tive a chance de ter tudo isso na infância”. Que sorte ter pais tão maravilhosos que lutaram muito, mas me deram o melhor que eles tinham sempre. E mais que isso, me ensinaram a lutar como eles, caminhar com as próprias pernas e, hoje, aos 26 anos, mas desde os 23, ser financeiramente independente. Como isso?

Sou filha de planejador financeiro (oi papis Eduardo Oliveira), então a vida inteira fui ensinada a lidar com o dinheiro como meu amigo, não meu inimigo. Eu recebia mesada sim, mas eram recompensar por trabalhos que eu fazia quando criança, por bom comportamento ou pela quantidade de notas 10 que vinham no meu boletim no final do bimestre. E desde essa época, aprendi a gastar só o que eu tenho e separar uma parte para o meu cofrinho.

O problema é que quando somos crianças, adolescentes e até jovens universitários é muito fácil lidar com o dinheiro dos pais ou responsáveis, não é? Mas quando chega nossa vez de entrar no mercado de trabalho e ganhar nosso próprio dinheiro, ai vem a prova de fogo. O deslumbre é muito fácil de acontecer.

Comigo, demorei para iniciar esse processo. Comecei a trabalhar de forma remunerada só aos 21 anos e desde o primeiro salário (bem pequeno, aliás), sempre paguei contas em casa. Fui ensinada assim. Na época eu detestava isso, sofria e até chorava, porque perdi viagens legais com minhas amigas já que eu não tinha como pagar sozinha por elas. Também precisei aprender a eleger prioridades, perceber na marra que não preciso do sale da Zara inteiro ou de todas as bolsas caríssimas que podia gastar o salário todo parcelando e, mais que isso, tive que aprender a guardar uma parte do que recebia para conseguir realizar sonhos maiores e mais caros que mensalmente eram impossíveis. Hoje, eu realmente agradeço aos meus pais por terem me ensinado tudo isso e só porque eles me ensinaram tão bem – no amor e na dor aliás – que hoje, eu não dependo deles para fazer a viagem que eu quero, comprar algo caríssimo que eu preciso para melhorar minha qualidade de vida, fazer um curso ou qualquer outra coisa. E sim, aos 26 anos eu moro com meus pais, por uma escolha. E com muito orgulho, dividimos as contas aqui como se eu fosse uma roommate deles.

Desde o meu primeiro salário até o último, eu nunca mais ganhei nada fácil – embora sim, eu tenho cara de mimada e filhinha de papai que qualquer coisa o pai ou a mãe ajudam com dinheiro. Não posso negar que a cara eu tenho e fui mimada em todos os sentidos que uma filha única pode ser, mas posso sentir muito orgulho de mim mesma porque depois de pagarem a minha faculdade, meus pais me soltaram e aprendi sozinha o que é independência financeira. Aprendi que não é fácil conquista-la, porque a vida é cheia de adversidades, mas ufa sobrevivi à elas. Posso reconhecer todo meu esforço também e nem ligar quando me estereotipam, porque quem faz isso, não tem ideia da Beatriz que está por trás e tudo que ela já viveu mesmo “tão novinha”. É por causa disso que hoje valorizo cada centavo que ganho. Tudo tem um motivo de ser gasto, até as loucuras que faço com o meu salário, que só com planejamento mesmo que a conta fecha.

E foi assim aliás que aprendi a guardar dinheiro. Parece simples, mas não é. A dica aqui é do meu pai (and planejador financeiro) que me ensinou a colocar uma meta por mês de quanto eu quero guardar, receber o salário, já separar essa parte e tirar da conta, para nem contar com ela no final do mês. O que sobra, é o que eu tenho para sobreviver. Tentem!

Não me entenda mal, esse não é um texto julgando ninguém que com 20, 30 ou 40 anos depende dos pais para qualquer coisa. Está tudo bem se você se sente bem. Esse é um Bloco de Notas muito orgulhosa de não ser os estereótipos que me dão e, principalmente, um agradecimento a Edna e Eduardo que, com todos os altos e baixos que já vivemos, me criaram exatamente assim!

(6) Comentários

  1. Juliana diz:

    Af, maravilhosa, só isso tenho a dizer! Tenho orgulho dessa minha amiga que é fonte de inspiração pra mim ????

    1. Você me inspira também ????

  2. Rafael Mendonça diz:

    Parabéns mais uma vez pelo texto.

    Me fez lembrar de uma frase
    “Não importa o que o mundo diz sobre mim, o que importa é que eu nunca fiz nada que contrariasse os meus princípios e nunca faria”

    (Ronoroa Zoro)

    1. Ainda bem que você me mostra essas frases. Perfeita!

  3. Juli Saraiva diz:

    Mandou muito no texto, amiga. Eu sigo as dicas do sr. Eduardo graças a você!!!

  4. Izalene Aparecida da Silva Moraes diz:

    Incrível partilha Bia, e é isso quem vê cara não vê coração ♥ que é a base de tudo o que tens e és, então não será estereotipos que vai dizer quem realmente somos, sempre tem uma história por trás. E que a verdade seja dita e bem partilhada como fez.

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