A noite da formatura

Eu lembro da minha  noite de formatura do terceiro ano em todos os detalhes como se tudo tivesse acontecido ontem. Eu nunca entendi porque isso vem a minha mente de vez em quando, mas eu finalmente achei um ressignificado para aquele momento (a Mariana vai ler isso e vai me achar uma completa maluca). 

Na noite da minha formatura, durante a cerimônia foi só um chororô. Naquele monte de foto que os fotógrafos e os pais pediam pra tirar, eu nao desgrudei da Mariana e do Felipe. Meu album de formatura tem umas 3 fotos com o Fe e nenhuma com meu namoradinho da época que por um acaso era meu melhor amigo. Era como se inconscientemente eu já soubesse que 13 anos depois, eu ia olhar para esse album e agradecer porque ainda tenho Mari e Fe na minha vida e mais ninguem daquela época. 

Eu lembro que depois, nós fomos jantar e terminamos a noite – que eu queria que nunca acabasse – na casa de um garoto da sala. Eu não lembro quem foi ou quem não foi, não lembro que casa era essa, mas lembro muito da Beatriz com sua sainha verde curtíssima (que tenho até hoje aliás, atemporal, ótimo tecido, parabéns pra marca), uma blusinha preta, um salto gigante daqueles que o dedinho fica pra fora e um anel de guitarra que encaixava em dois dedos da mão. Eu lembro de ter chorado a noite inteira, sem parar. Lembro que a Mariana não estava ali e o Felipe ficou do meu lado. Lembro que eu sentei no sofá com meu namoradinho e não conseguia sair dos braços dele. Era confortável, era seguro, era como se ali aquela noite nunca fosse terminar e o futuro tão incerto nunca fosse começar. 

Olhando pra essa cena com carinho hoje, eu lembro todo o significado daquela noite. Ali era abandonar a rotina de ver todos os dias as pessoas que eu amava e confiava. Ali era dizer tchau para os três anos intensos do colegial. Ali era finalizar a adolescência tão doce e começar a ter responsabilidades nem sempre leves. Ali era embarcar pra um futuro desconhecido. Ali era começar a vida adulta. Ali era aprender a fazer escolhas maduras. 

Eu nem sabia se o meu melhor amigo ia continuar sendo meu par ou amigo. Nem sabia diferenciar amor fraternal com amor romântico. Nem sabia se eu queria ia pra faculdade solteira ou namorando. Não sabia se aqueles meus amigos iam permanecer na minha vida… Ai os 17 anos… mas ali eu precisava estar naquele momento. Ali era meu divisor de presente e futuro. 

Hoje eu vejo o quanto em muitos momentos desses 13 anos e dessa vida adulta eu entrei de novo naquela sala, sentei naquele sofá e me encaixei em um abraço. Eu vejo todas as vezes que foi um divisor de águas. Vejo todas as vezes que tive vontade de não largar o presente nunca e tive um medo gigante do futuro. Todas as vezes que chorei sem saber se alguém ia permanecer na minha vida, seja um amor, um crush (a gente usa essa palavra ainda jovens?), a melhor amiga ou um amigo. Ou se algo ia permanecer, seja uma fase, um emprego, uma casa. Eu vejo todas as vezes que eu saltei ainda olhando para trás. 

Eu nem sei como finalizar esse texto, porque estou neste momento revivendo essa cena de dezembro de 2011 e todas as metáforas dentro dela. Só que eu sinto também que se a Beatriz de 17 anos sobreviveu aquele dia e  a tantas outras coisas que vieram depois em outras idades, a Beatriz de 30 vai passar por isso e recomeçar, como for pra recomeçar. 

Olhando para o passado, o presente e o futuro, eu sou grata a Mariana e ao Felipe que são os melhores presentes que a escola me deu, ao garoto da casa que não lembro o nome mas me emprestou esse cenário eterno na minha memória, ao namoradinho melhor amigo (que lembro o nome, claro, mas vamos deixa-lo no lugar dele em paz e esperar que ele nunca leia isso) e sou grata a todos os outros e outras que contribuíram pra eu me ver nessa mesma cena tantas vezes. Doeu na época, mas é uma delícia reviver os 17 anos! 

E você, se lembra da sua noite da formatura? 

(1) Comentário

  1. Juliana diz:

    Adorei!

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